Cheiro de café recém-passado e no rádio, as notícias do dia em francês. É nesse cenário que somos recebidas pelo casal Kelly Kim e Adrien Gingold em sua aconchegante casa-ateliê, no coração da Vila Madalena. São nos fundos da casa, numa área ainda em processo de ajustes finais e cercada por plantas, que funciona o novo espaço da Calma São Paulo ou casa Calma, como é conhecida.
Sob o comando enérgico de Kelly, a marca cool é caracterizada por suas peças vibrantes desenvolvidas com a mesma calma que a nomeia. O amadurecimento e paciência foram elementos presentes também na concepção do projeto. Envolvida com costura e modelagem desde os 13 anos, quando iniciou seu primeiro curso na área, Kelly percorreu diversas áreas do universo fashion até desenvolver sua própria marca, passando de costureira à estilista.
Foi depois do casamento com Adrien, numa união franco-brasileira, que o casal embarcou numa viagem de quase oito meses pela Ásia que seria o turning point da carreira criativa de Kelly, como conta. “Fomos de mochilão para vários países até que encontramos, no norte do Vietnam, uma cooperativa de mulheres que fabricava roupas a partir do cânhamo, com máximo aproveitamento. Foi lá que nós começamos a entender o slow fashion e criar então a ideia da Calma”.
Além de inspiração, a viagem serviu também como um mergulho teórico para a designer, que aproveitou a oportunidade e tempo livre para se aprofundar em temas como sustentabilidade e upcycling. De volta ao Brasil, o surgimento da Calma foi só uma questão de tempo.
A partir de lenços, colecionados há mais de 10 anos, Kelly desenvolveu uma jaqueta com modelagem que une as estampas únicas dos lenços à tecidos vindos do descarte da indústria e também garimpos diretamente de brechós. “Eu gosto muito de estampas, então o dna da Calma é o reaproveitamento de peças, com cores e estampas fortes que se combinam entre si”, explica. As estampas da label se misturam ao estilo de Kelly, que troca de jaquetas e lenços diversas vezes entre nossos cliques e bate-papo, enquanto nos pés investe na tendência da vez: o tênis com animal print da Fiever, marca presente na nossa curadoria e que dá match com o espírito da Calma e de sua fundadora.
Tendo a estamparia e o exemplo do uso de luz e cor de Matisse como principal referência, a designer desenvolve as peças de acordo com seu mood e inspirações, sem um calendário definido de coleções. “O que eu desejo quando faço uma roupa é transmitir meu amor e alegria pela vida. Essa é a relação do mais íntimo de mim e do que eu quero doar para as pessoas”, compartilha Kelly.
Depois de anos atuando em grandes processos de produção, é a relação e troca genuína com os clientes que dá sentido ao trabalho da paulistana. “Eu prefiro ter poucas peças, mas manter uma relação com os clientes, porque eu sinto que eles entendem o que quero passar”, justifica. “Parece que só atraio pessoas que têm a ver comigo e elas acabam virando minhas amigas. Eu acredito que esse seja o jeito mais real de trabalhar”, complementa.
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