Essa é a coluna da Mariana Villaça, ativista, ecofeminista e cabeça pensante por trás do @muda.moda e da agência @un_moda_sustentavel. Por aqui, a Mari trará mensalmente textos com dicas e reflexões sobre como consumimos a moda, sustentabilidade e muita inovação.
Muito tem se falado sobre sustentabilidade nos últimos 2 anos e isso é ótimo, já que a mesma é uma necessidade e não mais uma opção. Também por isso, é super importante estar consciente do que essa palavrinha realmente quer dizer. Assim, conseguimos distinguir com facilidade o que é greenwhashing (ações de marketing, que só visam aumentar vendas) e o que realmente gera impacto positivo em nossas vidas e no planeta. A definição mais simples e concreta que eu conheço é essa: "sustentabilidade é viver uma vida sem desperdício e com consciência, a fim de promover e garantir a qualidade de vida da nossa e das próximas gerações".
E agora você deve estar se perguntando "Como EU posso fazer parte dessa era de transição em prol de mundo mais sustentável?", certo? Na minha opinião, uma ótima porta de entrada é a moda, afinal de contas, todos nós temos a necessidade de vestir. Hoje a indústria da moda está entre uma das 3 maiores poluentes do mundo e, definitivamente, o combo produção em massa + condições degradantes + uso abusivo de produtos tóxicos + hiper consumismo + alto índice de descarte já se provou totalmente desbalanceado, nos colocando em uma situação de emergência - social e ambiental. A mudança é imprescindível e deve começar já, antes que acabemos soterrados por nossos próprios excessos.
Mas, Mari, e agora, não vou poder comprar para não incentivar esse ciclo? Calma lá! A moda sustentável nunca foi e nunca será um movimento anticonsumo e todos sabemos que existem uma série de empregos que giram em torno da indústria fashion. Aqui, estamos falando de um movimento que propõe transformar nossos hábitos de consumo e, para facilitar, vou listar 10 dicas fáceis de seguir, que podem te fazer aderir e se apaixonar por essa nova era da moda: mais consciente, sustentável e justa.
Parece bobo, mas todas nossas peças vêm com instruções para lavagem e respeitá-las é fundamental para prolongar a vida útil da sua peça. Outra opção é lavar menos a peça. Nós brasileiros temos o costume de lavar as roupas sempre que usamos, mas nem sempre elas estão realmente sujas.
E, se caso você quiser revolucionar a relação com sua máquina de lavar (rs), você pode testar o Biosoftness, um spray que possui nanopartículas biodegradáveis que são ativadas pelas enzimas do corpo presentes no suor ou através de fricção. Ele previne a proliferação de bactérias e fungos nos tecidos, eliminando aquele cheirinho ruim. Dessa forma, você pode usar muuuito mesmo sua roupa antes de botar para lavar.
Acredito que consertar já é uma prática, né? Caso não, experimente lembrar da costureira do seu bairro antes de deixar aquela blusinha esquecida no fundo do armário porque caiu um botão. Outra boa dica é já levar o mais rápido possível para não perder o timing.
Sobre reformar e reaproveitar, já aviso logo, é um caminho sem volta. Depois que você começa você nunca mais olha do mesmo jeito para o armário da sua vó ou da sua tia. Além de ter uma peça única, você carrega com você uma roupa cheia de história.
Na minha opinião, se tem um modelo negócio maravilhoso é esse! Você não precisa comprar uma coisa se você pode ter muitas a sua disposição para usar quando realmente precisar. Essa é a graça da economia compartilhada, você troca a posse pelo acesso a um bem. Hoje, já se pode alugar roupas de dia a dia, vestido de festa, roupas de frio, acessórios de luxo, bolsas, sapatos… Um mundo de oportunidades.
Todas nós temos roupas legais que estamos um pouco enjoadas e amigas com o mesmo "problema". Que tal propor um bazar de troca entre vocês? Assim, todas saem com peças "novas" e as roupas ganham novas oportunidades.
Como consumidores conscientes, é bem importante que a gente se mantenha ativo e isso é mais simples do que se imagina. Sabe aquela marca que você adora? Que tal mandar um e-mail, DM ou inbox, questionando o processo produtivo, a escolha dos materiais e as relações de trabalho? É sempre bom saber onde estamos investindo nosso din din.
É claro que todas nós precisamos, vez ou outra, comprar algo e isso não é um pecado. O importante é não se perder na compra, então se planeje! Antes de tomar a decisão de compra, avalie a real necessidade, faça uma listinha com o que realmente precisa e prefira marcas que realmente te representem.
Essa é uma das dicas que eu mais uso quando quero muito comprar uma peça. Eu me desafio a montar (mentalmente, claro) 10 opções de looks com essa peça. Se o desafio for fácil de cumprir, essa peça pode entrar no meu armário sem medo, pois ela realmente vai ser usada.
Conheça pequenas marcas que levantam bandeiras que tenham a ver com você, se aproxime da história de quem está por trás de cada marca. Dessa forma, você fortalece a economia local e os pequenos produtores, além de ter produtos feitos com muito carinho e respeito.
Se a moda sustentável tem uma forte aliada, podemos dizer que é a tecnologia. Hoje em dia, existem muitos tecidos inovadores e que utilizam matérias-primas mais sustentáveis, que tem como objetivo serem menos agressivos para o meio ambiente. Lembrando que em cada processo há prós e contras, e devemos olhar para ambos os lados para não acabar trocando seis por meia dúzia.
Existe uma quote que eu adoro e é super explicativa: "a roupa mais sustentável é aquela que já existe".
Comprando em brechó, você aumenta a vida útil daquele peça, diminui a produção de lixo, diminui também a pegada hídrica e, de quebra, ainda contesta o modelo linear de produção em massa das fast fashion - afinal de contas, se a gente para de comprar, uma hora eles param de produzir tanto.
Espero que essa rápida passagem tenha sido esclarecedora. Como o tema é super complexo e delicado, o objetivo desse post é iniciar uma discussão, não encerrá-la. Por isso, se você quiser se aprofundar nos bastidores não tão glamurosos da indústria fashion, sugiro que assista a esses documentários: "The true cost", "Sweatshop" e "River Blue".
Beijos, Mari.
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